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Journal :: Janeiro 2006
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01.01.2006 (dom)
Passei o dia a sentir-me muito cansada e com pouca energia. Não fiz grande coisa. Malditas festas.

Graças ao Sudoku nunca mais tinha lido nada. Mas recentemente voltei a pegar no livro do Woody Allen e tenho estado a ler um capítulo por noite. Sinto que não estou no estado de espírito ideal porque aquilo tem mais piada do que estou a achar neste momento, pelo que sou capaz de ter que reler algumas daquelas coisas mais tarde. Até agora só me lembro de rir incontrolavelmente com o animal mítico composto de cabeça de leão e corpo de leão, mas um leão diferente. E a análise de um escritor a partir das suas listas de lavandaria tembém é imperdível. Mas sinto que devia ter achado mais piada à tentativa de rapar o bigode do Hitler ou aos impressionistas como dentistas, mas não estou no estado emocional certo.
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05.01.2006 (qui)
Hoje foi finalmente a consulta para sabermos os resultados da autopsia do bebé. Como já esperávamos não encontraram absolutamente nada de anormal. Foi mesmo só um azar estúpido para fazer bater certas as estatísticas.

Eu sei que as pessoas não sabem o que dizer mais, mas faz-me sempre confusão a tentativa de ver isto pelo lado positivo, que supostamente é o facto de podermos tentar de novo com todas as probabilidades de sucesso. Eu não consigo ver isso assim. Ok, se existisse alguma malformação ou problema genético então tinhamos que lidar com a perda e com a dúvida sobre se seria realmente possível ter uma criança saudável. Mas o facto de ter que aceitar que um bebé completamente saudável morreu sem razão nenhuma continua a parecer-me pior. O facto de poder ter outro não altera nada. Nunca vou poder substituir o que perdi.

No entanto o dia teve o efeito esperado - era a última coisa que tinhamos de fazer relacionada com o evento. Passaram-se 4 meses e tenho de parar de pensar nisto todos os dias. Acho que consegui finalmente aceitar que não podia ter feito nada para evitar o que aconteceu. Isso quer dizer que não posso fazer nada da próxima vez e que não tenho controlo nenhum sobre a situação. Para um control freak essa noção é o mais assustador que existe mas é preciso aceitar. Daqui a dois meses, se conseguir normalizar o meu organismo até lá, vamos começar de novo. E esperar que desta vez corra melhor.
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06.01.2006 (sex)
Acordei novamente cheia de dores no pescoço. Não me conseguia virar sem sentir uma dor horrível.
Como o Pedro se estava a ir embora, roubei-lhe a almofada, que é muito melhor que a minha e melhorei um bocado. Tenho que comprar uma almofada nova...
Mas ainda gostava de perceber como consigo ficar neste estado a dormir normalmente. É que nem sequer estava torcida.

De tarde tive algum trabalho e consegui não ter um dos meus costumeiros ataques de pânico. Já não é mau.
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07.01.2006 (sab)
Fomos até ao parque esta tarde. O Pedro foi correr e eu fui tirar umas fotos. Andei a aproveitar o sol baixo de inverno para tirar fotos a vegetação normalmente desinteressante, mas que com o sol a bater daquela forma fica com umas cores fabulosas.
Passámos por casa para comer qualquer coisa e voltámos a sair.

Tenho alguns projectos em desenvolvimento e precisava de materiais, nomeadamente tecidos. Tenho uns moldes de vestidos Vitorianos para experimentar e quero também fazer um espartilho. Para além disso vou começar a fazer desenhos para malas e recomeçar a produção de colares, etc. É o tipo de coisas que gostava de fazer como emprego, se pudesse. Pelo menos como hobby ninguém me impede.
Acabei por não ficar convenciada com nenhum dos tecidos que vi na Leroy Merlin. Provavelmente porque são para cortinas e não para vestuário. Se bem que algumas das coisas que quero fazer requerem tecidos mais grossos e resistentes do que os que se usam no vestuário hoje em dia. Preciso só de saber que quantidade preciso e depois se vê.

Aproveitei os saldos para comprar um blusão de ganga sem ter de pagar 100 euros por ele e fui à procura da almofada mas não tinham. Talvez para a semana. Entretanto vamos ver se não fico pior.
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08.01.2006 (dom)
Hoje fizemos uma sessão fotográfica. É algo que faziamos muito há uns anos, antes de nos casarmos E que nunca mais aconteceu. Provavelmente porque requer preparação e espaço suficiente.
Como tenho um quarto vazio, aproveitei o varão de cortinado para pendurar um tecido de fundo e o Pedro tirou umas fotos aos meus novos outfits e eu tirei-lhe umas fotos para o 'antes e depois' do exercício que ele planeia fazer.
Infelizmente o ângulo da máquina não era o mais flattering, mas ainda se aproveitaram umas quantas.
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09.01.2006 (seg)
Como acontece ritualmente todas as segundas feiras, acordei ansiosa e levantei-me cedo.
Bebi o meu iogurte, vesti-me, e quando me preparava para ir à farmácia lembrei-me que deviam vir entregar uma das certidões que é à cobrança. Por isso, para não ter de ir aos correios de propósito, despi o casaco e esperei até ao meio dia. Como não veio nada resolvi sair e quando fui ver o correio estava lá o postalzinho para ir levantar a encomenda mais recente da dollshouse.com. Depois da amargurante espera na fila dos correios voltei para casa com um sorriso nos lábios. Não resisti a abrir a caixa e verificar se estava tudo intacto e voltei a sair para ir comprar finalmente o relaxante muscular para ver se consigo resolver o problema do pescoço.

Quando voltei para casa fiz o almoço (porque já estava a morrer de fome) e só depois é que me dediquei a abrir cada pacote e a fazer 'ooooh!' uma série de vezes. It's all so cute!
Passei algum tempo a colocar os objectos na casa e acho que ainda vou ter muito com que me entreter.

Depois vim ver o email e tinha umas coisinhas para fazer. Quando acabei o trabalho ligaram-me da conservatória para onde tinha pedido a certidão de nascimento do meu pai. Parece que como a certidão foi feita depois do casamento (porque ele nasceu em Angola), não tem o averbamento do casamento e eles não passam a certidão sem isso. Tive que ir à Conservatória de Almada pedir para enviarem por favor essa informação para Lisboa.
Ir a serviços públicos, sejam eles finanças, conservatórias ou o que for, é sempre uma aventura. Geralmente há umas pessoas simpáticas e outras antipáticas e calha-me sempre o último grupo. Primeiro não encontravam o livro, depois encontraram o livro que passou para outra senhora enviar. Eu entretanto resolvi uma fotocópia, para o caso de haver mais alguma complicação (com o registo da minha mãe, por exemplo). Como não queria certificada eram só 50 cêntimos. Eu só tinha 45 e uma nota de 20 euros. O que é que aconteceu a seguir? Não tinham troco.

Porque raio é que neste país nunca há troco para nada? Nos autocarros, nos serviços públicos, nas lojas! Uma vez que os multibancos só dão notas é suposto arranjarmos o troco onde, exactamente? Será que ele existe mesmo ou é só um mito urbano? Começo a ter dúvidas.

Primeiro fui a um multibanco buscar uma nota de 5 porque pensei que assim talvez desse. Depois do sr. da conservatória ir lá dentro mais meia hora, afinal ainda não dava. Tive de voltar a sair e ir ao café comprar uma garrafa de água e pedir por favor para me darem uma moeda de 50 cêntimos, porque senão ainda me diziam que não tinham troco de 1 euro. Nunca se sabe.

Vou começar a andar com um porta moedas cheio e pagar tudo em moedas de 1 cêntimo para ver se passam a ter troco. Se calhar tenho o troco todo do país cá em casa e nem sei.
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11.01.2006 (qua)
Depois de mais uma noite cheia de dores de pescoço e de sonhos desagradáveis, acordei a sentir-me desanimada. Mas como ando algo entusiasmada com o projecto da genealogia e chegou mais uma certidão, por volta do meio dia resolvi ir pessoalmente às conservatórias de Lisboa ver o que conseguia arranjar sem ter de estar à espera que me enviem aquilo pelo correio.
Passei lá a tarde mas até foi produtivo. Consegui 5 certidões de nascimento e com elas, dados para pedir mais. Algumas deram luta, mesmo assim. Uma das certidões, da avó do Pedro, estava no livro do ano anterior ao nascimento - aparentemente ainda sobrava espaço no livro, por isso meteram mais algumas do ano seguinte antes de encadernar.
E a da minha avó estava no ano seguinte, algo que também era relativamente comum - muitas pessoas não eram logo registadas.
Quando me preparava para ver se ainda conseguia mais algumas de 1902 e 1906, informaram-me que era tarde demais porque já passava das 4. Ainda ficaram a faltar outras certidões de Lisboa mas que são já do final do século XIX e por isso já não estão nas conservatórias.
De qualquer forma, apesar de aquilo dar jeito por ter todas as conservatórias num só edifício e a lista das freguesias correspondentes a cada no piso de entrada, não tem informação referente aos anos. Isto porque a partir de determinado ano uma freguesia passou para outra conservatória e não é possível saber qual sem ir perguntar, algo que requer tirar senha e esperar. Falha sempre qualquer coisa nestes serviços.

Quando saí da conservatoria fui ter com o Pedro, que conseguiu sair um bocadinho para ir lanchar. O Filipe estava com ele e acabou por levar uma seca com todos os pormenores sobre o que eu tinha estado a fazer.
Depois eles voltaram ao trabalho e eu fui fazer umas compras à Baixa. Quando o Pedro saiu do trabalho foi ter comigo à estação da Baixa e viemos juntos para casa.

Depois do jantar ainda comecei a transcrever algumas das certidões porque ler aquilo uma vez já é complicado mas ter que consultar um documento com caligrafia quase irreconhecível cada vez que tenho uma dúvida sobre um nome ou data era demasiado masoquismo, até para mim.
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12.01.2006 (thu)
It's one of those days...

I have wonderful neighbours. They are so concerned with my well being that every time they realise I may still be in bed around 9 AM they soon start drilling or hammering to make sure I get up on time and don't miss the best part of the day. Others find that the best method to keep the neighbours alert and productive during the day is to leave their huge noisy dog alone all day to act as a constant alarm against sleepiness. How caring of them.

I spent the morning fixing little work related problems. But it seemed that as soon as I solved one thing two others would pop-up. And then it's was stuff that required outside assistance and that means that it won't be solved anytime soon. I start to worry.
My eye has been twitching involuntarily for the last two or three days and this is not going to help at all. And since it's lunchtime I can't even talk to anyone because they're all out to lunch. I'm the only one who's still here, glued to the screen, panicking for no reason.

During the afternoon I was able to solve most of the issues and finish transcribing the birth certificates. Now I have to compile all the information and scan the documents.
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13.01.2006 (sex)
Como comecei a paginar a genealogia, hoje fui a casa dos avós do Pedro com o mac e um scanner para digitalizar umas fotos antigas e ver o que eles têm de pais e avós. Conseguiram encontrar fotos dos pais de ambos e de um avô. Já não é mau.

À noite passei tudo para o meu computador e comecei a fazer o tratamento às fotos e a dar-lhes nomes identificativos enquanto me lembro dos pormenores.
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14.01.2006 (sab)
O Pedro começou a ir correr um bocadinho para o parque todos os fins de semana e hoje resolvi ir com ele. Demos uma volta a andar seguida de uma a correr. Estava à espera de desistir muito antes, mas mesmo assim não consegui completar a volta a correr. Fui quase até ao fim, mas não completamente. Acho que provavelmente me dava melhor a correr depressa pequenas distâncias do que quase um km a correr devagarinho. Mas pronto. Foi a primeira vez. Vou andar toda partida a semana toda e da próxima vez se verá se já consigo aguentar mais tempo.
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15.01.2006 (dom)
Fomos almoçar com a família do Pedro. Durante a tarde estive a tratar da roupa e a trabalhar na paginação da genealogia. Vai chegar às 200 páginas num instante...
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16.01.2006 (seg)
Foi um dia mau. Um daqueles em que preferia não ter de existir. Estive deprimida e ansiosa e completamente farta de estar em casa sozinha.
Tive de trabalhar e depois passei o resto do dia de volta da genealogia, a colocar as fotos das diversas pessoas no seu lugar. Torna-se muito mais simples lidar com toda esta informação quando se tem as fotos ao lado dos nomes. Especialmente para mim que só tenho memória visual.

À noite vi o filme Vera Drake, do Mike Leigh. Estava à espera de ficar altamente deprimida, mas apesar do filme ser tudo menos alegre, não achei deprimente. Acho que os personagens estão tão bem definidos e compreende-se tão bem a sua motivação que fiquei apenas com a sensação de ter visto um bom filme.
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17.01.2006 (ter)
Hoje chegaram mais duas certidões, o que me deu trabalho para grande parte da tarde. Estive a transcrevê-las, digitaliza-las e colocar a informação toda no sitio certo e descobri o nome de mais trizavós.
Agora vou ter que passar à geração dos bisavós e é aqui que as coisas se começam a complicar porque chegamos a datas de princípio do século e final do século passado e vai ser complicado saber onde se encontram esses documentos. Uns estão na Torre do Tombo, outros nos arquivos distritais e outros ainda nas conservatórias dos vários concelhos. Agora é que vou ver se tenho paciência para continuar ou se acabo por desistir.

À noite fui a casa dos meus pais buscar uma mala, para o caso de precisarmos, e para ver se a minha mãe conseguia descodificar algumas das palavras que eu não percebi nas certidões.
Depois de largar a mala e os papeis em casa, fui com o Pedro ao Fórum porque ele precisava de fazer umas compras.
Quando nos preparavamos para ver o House, recebemos uma mensagem do Filipe a dizer que a série estava a dar dobrada em Espanhol. O Pedro ficou furioso e ainda passou algum tempo a tentar decidir se valia a pena pegar no telefone para gritar com alguém.
Realmente mete raiva. Graças a um qualquer incompetente que mete a cassete errada somos privados de uma daquelas pequenas coisinhas que nos dão gozo depois de um dia longo e cansativo. Mas pronto. Depois percebemos que era só o segundo episódio que estava dobrado e ainda vimos o primeiro. Odeio dobragens.
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18.01.2006 (qua)
Amanhã vamos para Florença, por isso hoje andei a tratar dos últimos preparativos e a tentar deixar a casa minimamente arrumada e a loiça lavada. Acho que não há nada mais deprimente do que chegar de viagem a um domingo à noite, cansada, e ter a casa toda desarrumada.

Estive a passar a ferro, a coser roupa, carregar as baterias das máquinas fotográficas e do telefone e guardar na mala mais umas coisas de que me ia lembrando.

Chegaram mais duas certidões hoje. Só falta a do meu pai que continua retida por causa da confusão com o registo de casamento.
A certidão do meu avô Jaime lê-se bem mas a da avó do Pedro tem uma letra horrível. Felizmente eu já sabia os nomes dos pais e avós dela, mas mesmo assim há outras informações que me interessam e que deu alguma luta perceber. No mínimo, as pessoas que fazem os registos de nascimento à mão deveriam ter uma letra decente, mas parece que não é sempre o caso. Suponho que saberem escrever já era uma sorte.
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19.01.2006 (qui)
Acordámos muito cedo, o que me custou menos do que pensava. Saímos de casa um pouco antes das sete e fomos até ao prédio dos meus sogros esperar pelo taxi.
Chegámos ao aeroporto em pouco mais de 20 minutos, não sem ficar a saber a historia da vida toda do taxista, claro. Não compreendo se eles acham que faz parte do serviço ou se simplesmente se sentem sozinhos e têm de aproveitar estes bocadinhos para conversar com alguém.

Estavamos com medo que não nos deixassem levar a mala na cabine porque está mesmo no limite das medidas mas, como o voo não estava muito cheio, passou.
Já vamos perder o dia todo com a viagem era chato ainda ter de esperar mais meia hora pelas malas no final. Ainda nos arriscavamos a perder o transfer.

Como chegámos muito cedo tivemos que esperar bastante tempo após o check-in. O Pedro adormeceu e eu também comecei a sentir o sono. Entreti-me com um livro de Sudoku e o tempo acabou por passar.

O voo não era directo, por isso em vez de irmos para Itália fomos para a Alemanha, mais precisamente para Munique. Nunca estive na Alemanha mas deu para perceber que deve ser mesmo muito estranho estar num país onde não se percebe minimamente a lingua. É que posso não saber falar muito bem italiano, espanhol ou francês mas compreendo bastante bem. Simplesmente falta-me o vocabulário na ponta da lingua. Agora alemão é mesmo complicado. Estranhamente é uma lingua que sempre quis aprender mas que acabou por não acontecer. Pode ser que me dê para isso um dia destes.

Anyways, esperámos mais uma hora no aeroporto de Munique e depois fomos para o segundo avião, que era bastante mais pequeno. Esta viagem foi um pouco mais desconfortavel porque os lugares eram mesmo muito apertados. mal tinha sítio para por os braços. Ainda por cima fiquei no lugar à janela mas não tinha janela :(

Chegámos ao aeroporto de Florença já depois das quatro da tarde por isso tivemos muito pouco tempo antes do por do sol.
O transfer para o hotel era uma carrinha branca, com mais um condutor que pelos vistos tinha também a função de informar as pessoas dos locais de interesse da cidade e arredores, o que fez com que demorasse um bocado a arrancar.
Pelo caminha passámos por uma zona em construção que ele explicou ser a nova universidade de Florença. É uma coisa enorme, com um parque, muito ao estilo das universidades americanas. Deve ser giro andar numa escola assim.

Largámos as malas no hotel Machiavelli e fomos dar uma volta pela cidade. Já era de noite por isso não fiquei com uma noção muito clara de onde estava mas achei imensa piada ao chegar à Piazza della Senoria e ter a noção clara de já ter visto aquilo antes mas agora estar mesmo ali no meio. Quando chegar a casa tenho de ir rever o Room with a View :)

Durante a nossa volta de pouco mais de uma hora acabámos por passar nos monumentos quase todos, o que deu a ideia de que é realmente possível ver a cidade, ou pelo menos o centro histórico, em dois dias.

Fomos jantar pasta a uma 'osteria' perto do hotel e depois fomos dormir. Ou melhor, deveriamos ir dormir, mas acabámos por só nos deitar à meia noite.
Amanhã vai doer.
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20.01.2006 (sex)
Acordámos às sete, tomámos o pequeno almoço no hotel e fomos até ao Duomo. Começámos logo por aquilo que nos vai deixar partidos uma semana: subir os quatrocentos e tal degraus até ao topo da catedral. Custa mas faz-se. O pior são as partes com escada em caracol que se tornam um bocado claustrofobicas. Nessas alturas parece que aquilo nunca mais acaba. Mas pronto. Acabámos por chegar lá acima. A última parte é mesmo por dentro da cúpula.

Ao contrário do Empire State Building e outros lookout points, o topo da catedral não tem uma grade, pelo que se consegue tirar fotos perfeitamente. Suponho que eles pensem que se uma pessoa passa pelo esforço de subir aquilo tudo para se suicidar, merece :)
Depois foi preciso voltar a descer. Custou menos mas as perninhas já estavam a querer ficar por ali.
Depois vimos a catedral por dentro, tentámos ir ao Batistério mas ainda estava fechado, por isso fomos até um café esperar um bocado e demos uma volta pelas ruas circundantes até ser hora.
Depois do Batistério andámos até à Piazza della Senoria onde tirámos várias fotos. A ideia era ir também ao museu degli Uffizi mas como é suposto chover amanhã resolvemos aproveitar o bom tempo para ver a cidade e deixar o museu para amanhã.

Descemos até ao rio para visitar a ponte Vecchio. O rio com todas aquelas pontezinhas é um daqueles lugares que apetece estar sempre a fotografar. A ponte Vecchio é composta de pequenas casinhas que estão meio em cima da ponte e meio suspensas do nada, sobre o rio. Tem um espaço a meio de onde se vê o rio mas de resto está coberta de joalharias. Comecei a perceber que em todas as joalharias havia uns medalhões muito giros, azuis com um perfil de uma senhora a branco, que pelos vistos deve ser típico daqui. Queria comprar um mas são um bocado caros. Também não queria estar a perder montes de tempo em lojas logo no primeiro dia. Como há tantas joalharias, resolvi ir vendo e decidir depois.

Passámos para a outra margem do rio e andámos até à Piazzale Michelangelo, um miradouro de onde se vê toda a cidade - ou seja, voltámos a subir. Mas desta vez, fomos por um jardim simpático e acabou por não custar tanto.
De qualquer forma valeu a pena para tirar umas fotos da cidade com o Duomo - deve ser dos poucos sítios de onde se consegue ver a catedral inteira porque está completamente rodeada de outros edifícios e por isso tem pouco espaço à volta.

No caminho de regresso ao centro passámos por S. Croce que está a ser restaurada por dentro mas tem uns tectos de madeira pintados muito giros.
Voltámos ao Duomo e comprámos um gelado, algo que pode parecer loucura em Janeiro mas que os italianos parecem achar perfeitamente normal. O segredo está em comer o gelado com uma colher para não ficar com os lábios anestesiados.
A caminho do hotelpassámos pelo mercado. Nunca gostei de mercados de rua porque são sempre apertados e cheios de gente e acho sempre que vou ser assaltada, por isso nem olhei muito à volta.

Quando chegámos ao hotel estavamos exaustos, como seria de esperar. O Pedro verificou o pedometro que dizia que tinhamos andado 12 kilómetros.
Depois ele adormeceu e eu, que não conseguia dormir, fui para a casa de banho fazer sudoku para não o incomodaqr com a luz.

Fomos jantar e demos mais uma volta pela cidade à noite.
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21.01.2006 (sab)
O tempo ficou mesmo pior, tal como previsto. O ceu esteve enevoado todo o dia e chuviscou levemente. Mão foi o suficiente para se tornar desagradável nem para impedir o passeio.

De manhã fomoa até ao Palazzo Pitti. Não chegámos a visitar o palácio por dentro porque eles têm uma forma estranha de organizar as entradas, dividindo as exposições por grupos. Como queriamos ver os jardins fomos para aí e deixámos as exposições para se ainda tivessemos energia no final.
O jardim é enorme e percorremos apenas uma pequena parte. Pelo caminho encontrámos uma série de gatos, todos muito bem alimentados e super simpáticos. Uma das gatas foi-se logo instalar no colo do Pedro assim que ele se sentou ao lado dela, num banco :)

Quando saímos dali estava toda a gente cheia de fome, por isso fomos à procura de um restaurante.
À tarde fomos então ao museu degli Uffizi ver algumas daquelas obras que passámos anos a estudar em história de arte sem nunca ter visto.
Depois da visita eu e o Pedro estivemos a falar sobre isso e chegámos à conclusão que visitar estes museus vale mais que cinco anos de história de arte, porque ver alguns destes quadros é verdadeiramente inspirador. Não sei bem porquê mas uma pessoa sai dali a sentir que afinal os humanos sempre são capazes de fazer coisas que valem a pena. E que é uma pena que já não se pinte assim porque na verdade não acredito que a fotografia substitua de facto aquele tipo de pintura. Acho é que dá muito trabalho e provavelmente já ninguém sabe como.
A dimensão de alguns dos quadro que andei a estudar a partir de reproduções em A4 no melhor dos casos, é verdadeiramente abismante. Mas faz-me um bocado de impressão o facto das pessoas acharem que apesar do tamanho qualquer quadro é para ser visto o mais em cima possível. Não têm noção de escala v distancia.
Foi no museu que os grupos de turistas japoneses se tornaram verdadeiramente irritantes. Ocupavam completamente uma sala e nunca mais andavam dali. E mais ninguém tinha hipotese de ver nada.

Depois do museu fomos fazer umas compras para ter umas prendinhas para levar. Eu sabia que tinha visto uma loja que vendia chocolates mas afinal não era onde pensava. Ainda demos umas voltas e acabámos por encontrar outra. Por esta altura estavamos estoirados e o Pedro começou a ter espasmos nas costas, por isso voltámos ao hotel para descansar um bocado onde o Pedro voltou a adormecer.

Quando saímos para jantar foi complicado porque pelos vistos ao sábado vai toda a gente jantar fora e os restaurantes estavam cheios. Depois de andar um bocado lá encontrámos um. Resolvemos experimentar a 'bistecca fiorentina', que é um bife grelhado com um tamanho brutal. Pedimos uma dose para 3 pessoas, que chegou perfeitamente e estava optimo. No final esperámos montes de tempo pela conta e ainda por cima devem ter feito asneira porque o valor total era aquilo que esperávamos que custasse só o bife.
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22.01.2006 (dom)
Depois de uma noite em que não dormi muito bem, graças à barulheira na rua e a uma almofada demasiado baixa, fomos dar as últimas voltinhas antes de regressar a casa.
A ideia era passar parte da manhã a ver a igreja de S. Maria Novella, mas não contámos com o facto das igrejas serem de facto usadas para serviço religioso ao domingo e não deixarem entrar turistas. Acabámos por ver só por fora e depois demos umas voltas pela cidade até ser hora de fazer o check-out. Deixámos as malas no bengaleiro do hotel e fomos almoçar. Hoje estava muito mais frio graças a um ventinho um pouco mais forte que entrava pelo barrete e me congelava as orelhas.
Comemos uma pizza bastante boa num restaurante por trás do Duomo que estava completamente vazio.

Ainda demos umas voltas pelo mercado e acabei por comprar um daqueles medalhões que tinha visto no primeiro dia. Às duas horas,voltámos ao hotel porque estava a ficar muito vento. O transfer já lá estava, tendo chegado meia hora antes do esperado. Acabámos por chegar ao aeroporto à hora a que esperavamos sair do hotel. A partir daí foi a espera do costume em aeroportos.
Esta coisa de andar de avião pode ser muito gira as primeiras vezes mas depois torna-se um bocado seca. Perde-se tanto tempo à espera, tanto antes como depois de entrar para o avião...
Tal como na ida parámos em Munique. No primeiro voo havia uma das hospedeiras com ar de que gostava mesmo é que não existissem passageiros porque nunca fazem o que ela manda. E os tipos que ficaram à nossa frente irritaram-me solenemente porque meteram uma mala no compratimento de bagagem de forma a que a porta não fechava. Mas estiveram-se positivamente nas tintas e foram-se sentar. Quando a hospedeira foi tentar fechar aquilo teve que andar a tirar malas e arrumar tudo de novo e acabou por ser outro coitado qualquer que até tinha guardado a mala dele primeiro a ter que a levar debaixo do assento da frente, o que tira completamente o espaço para esticar as pernas. E os dois imbecis que causaram isto tudo ficaram a rir, todos felizes da vida. Há pessoas tristes.

No segundo voo, houve um grande atraso porque o avião estava coberto de gelo que foi preciso derreter. Tinham umas máquinas estranhas para fazer aquilo, com um jacto de água (ou outro líquido) quente que fazia imenso vapor.
Com isto tudo só chegámos a Portugal perto das dez da noite. Oito horas para fazer uma viagem que demorava três. E quando chegámos tivemos logo a triste mas esperada notícia de que o Cavaco é o nosso novo presidente.
Os portugueses são mesmo muita estúpidos. E pelos visto têm também problemas de memória.
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23.01.2006 (seg)
Acordei cedo, porque agora já estou habituada, e apesar de estar muito cansada, não achei que conseguisse dormir mais, por isso levantei-me à mesma hora que o Pedro.

Fui aos correios buscar a certidão que tinha chegado entretanto e passei o dia a ver as fotos. Arranjei algumas no photoshop mas a maioria estavam bastante boas e não foi preciso fazer nada. Coloquei uma série delas no flickr para o Pedro ver e ainda me falta coragem para escolher quais quero imprimir.

De tarde estive a lavar roupa, para não deixar acumular a da viagem mais a desta semana. Passei a fazer duas cargas na máquina de lavar para cada uma da máquina de secar. Como há sempre coisas que não posso secar na máquina era um desperdício de energia usar aquilo cada vez que lavava uma máquina de roupa.
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24.01.2006 (ter)
Hoje dormi um bocadinho mais de manhã.
De tarde fui ao ginecologista fazer uma citologia e ele mandou-me fazer análises hormonais porque estou sem menstruação há quase 3 meses. Para alguém que quer voltar a engravidar este ano é muito mau sinal.
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25.01.2006 (qua)
Levantei-me à mesma hora que o Pedro e fui fazer análises. Como demoram uma semana, passei pelo consultório do Dr. Saraiva e marquei a próxima consulta. Depois vim a casa comer e fui à farmácia comprar uns medicamentos para o Pedro. A senhora da farmácia reconheceu o apelido e lá esteve a enumerar os membros da família que conhece e a adicionar-me à lista.

Às 2 horas fui ao dentista. Vou ter que colocar uma coroa num dente que se partiu de tal forma que já não tem arranjo possível e hoje foi a primeira fase: o molde da raiz que agora vai ser transformado numa peça de metal que me vão colar com uma espécie de cimento à gengive. O dente é depois aparafusadoa essa peça. Será que vou passar a apitar sempre nos detectores de metais?

De tarde estive a imprimir fotos da viagem. É giro ter a minha própria impressora e poder escolher quais as fotos a imprimir e arranjá-las primeiro, se necessário, mas demora um bocado. Até agora imprimi 97 de 500. Não as vou imprimir todas, claro, mas mesmo assim ainda vai demorar um bocado.

Enquanto aquilo estava a imprimir estive a ver o filme Control. Estava na lista por ser com o Willem Dafoe, mas até se vê bem. Não é particularmente original mas também não é tão mau como eu temia.

Continuo a sentir-me muito cansada. Esta coisa das férias dá cabo de uma pessoa :)

Entretanto foi descoberta a identidade secreta do nosso novo presidente, como poderão verificar no macacos (é mais fácil de perceber se virem o farscape).
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26.01.2006 (qui)
Hoje levantei-me de manhã e decidi ir novamente até à Conservatória de Lisboa ver se arranjava mais umas certidões. Como tinha telefonado a semana passada para saber se ainda estava lá o livro que eu precisava, de 1902, fiquei um bocado surpreendida quando cheguei lá hoje e me disseram que os livros tinham sido levados esta semana. É preciso ter azar.
Mas como não me queria deixar derrotar tão depressa, resolvi meter-me no metro e ir à Torre do Tombo.
Quando saí do metro recebi um telefonema da minha mãe a dizer que a minha avó Candida já tinha sido operada e que correu tudo bem. Ainda me esteve a tentar ajudar a encontrar o edifício, mas as referenças dela são sempre hospitais e eu sei lá se estou virada para o hospital de Sta Maria ou não :)
Mas acabei por encontrar aquilo sem problemas.
Fui até à sala de referência e deram-me um cartão temporário de 15 dias em vez dos 5 do costume porque eu expliquei o que estava a fazer e que o mais provável era que ao fim de uma geração ou duas já não encontrar ninguém de Lisboa.
Ensinaram-me a preencher as requisições dos livros e fui para a sala de leitura esperar. Pelos vistos aquilo é tão grande que demora sempre um mínimo de meia hora até aparecerem os livros. O que quer dizer que é melhor pedir o máximo de livros possíveis de uma vez para não se perder ainda mais tempo.

Passei lá o dia e encontrei dois registos. Um deles estava no ano seguinte, pelo que demorou mais tempo. Mas como agora são registos de baptismo e não havia propriamente regras muito rigidas relativamente a prazos, vai ser muito mais complicado encontrar alguma coisa daqui para a frente, mesmo sabendo o ano de nascimento. Especialmente porque nos registos que encontrei hoje não dizia a idade dos pais , o que dificulta bastante. Tenho que procurar num espaço de 20 anos pelo menos e não há garantias que todos os livros estejam disponíveis sequer.

Devo dizer que as pessoas que trabalham lá foram extremamente simpáticas e prestáveis, coisa que não estava à espera.
Por outro lado, a burocracia continua a ser de levar qualquer um à loucura. Compreendo que seja necessário ter regras rígidas porque estamos a falar de documentos históricos, únicos e que não se pode correr o risco de estragar. Para além disso eles têm quilómetros de prateleiras e é natural que demore algum tempo a ir buscar os livros, o que reduz bastante o tempo útil. Mas o facto de só se poderem pedir 3 livros de cada vez (ou 3 por requisição se forem da mesma caixa, mas isso não acontece muitas vezes), reduz ainda mais as hipoteses de encontrar alguma coisa num dia.
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27.01.2006 (sex)
Hoje fui com o Pedro para Lisboa, para ir novamente à Torre do Tombo. Fui procurar informação referente a 3 pessoas diferentes e não encontrei absolutamente nada.
Passei horas a ver listas de nomes. Cada vez que encontrava um António ou uma Emilia, parava para ver se o nome dos pais correspondia. Mas não.
Ainda por cima alguns dos livros estavam em microfilme e aquilo não é nada fácil de ler. Se os livros já são complicados, quando a caligrafia é daquelas indecifráveis, em negativo é ainda pior. Porque raio é que eles fazem o microfilme em negativo? São sádicos?
Fiquei um pouco desanimada depois do dia de hoje.
Ainda passei na conservatória para ver se teria mais sorte com um registo de 1906 mas parece que a pessoa foi baptisada muito mais tarde e não tenho forma de adivinhar em que ano terá sido. Pode ser que para a semana ganhe coragem para tentar outra vez.
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28.01.2006 (sab)
Fomos almoçar com a minha família no indiano que abriu aqui perto.
Levei as fotos da viagem que já imprimi e distribui as pequenas lembranças que tinha para eles.
Quando chegámos a casa estivemos a ver um filme não muito bom chamado 'The Cave' e às seis fui ter com o meu pai. Fomos ao hospital de Setúbal visitar a minha avó que foi operada na quinta feira. O meu tio Fernando e tia Isabel também lá estavam.
A minha avó parecia bem, sem muitas dores, mas é preocupante o facto de ser uma daquelas pessoas que nunca se queixa e está sempre a tentar não incomodar ninguém porque pode precisar de alguma coisa e não diz nada.
Aina tem de passar mais dez dias no hospital, o que deve ser uma seca monumental, mas pode ser que depois se sinta melhor. O pior ainda vai ser a fisioterapia.
Espero que melhore depressa.

A minha avó Candida era a minha pessoa preferida quando eu era criança, exactamente porque sempre foi a pessoa mais bondosa que alguma vez conheci. Aliás, o diminuitivo por que fui conhecida durante muitos anos, Dida, era um diminuivo do nome da minha avó e não do meu.

O hospital de Setúbal é uma fortaleza, o que faz com seja um hospital de luxo, uma vez que este tipo de construções, por todo o país, são geralmente hoteis.
A vista durante o dia deve ser fabulosa.
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29.01.2006 (dom)
O highlight do dia foi que hoje esteve a nevar umpouco por todo o país. Até em Almada cairam alguns floquinhos, apesar de derreterem antes de chegar ao chão. Mas foi giro e inesperado. O Pedro realmente tinha visto uma previsão metereologica que dava neve para Lisboa, mas pensámos que fosse treta, como de costume. Era giro que isto ficasse tudo branquinho, mas suponho que estamos demasiado baixos e demasiado perto do rio.
Passei o dia de pijama, que é de polar, e com o ar condicionado para quente, mas não resisti a abrir a janela para ver o gelo flutuar.
Agora suponho que não volta a acontecer durante anos...
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31.01.2006 (ter)
O nosso ar condicionado começou a ter uns ataques temperamentais. De vez em quando faz um ruído estranho e sai montes de vapor pela máquina de fora. Aquilo que me parece mais óbvio é que um dos tubos deve estar entupido e o ar quente acumula algures pelo caminho, o que não pode ser bom. Tive de desligar a máquina e passar o dia cheia de frio porque não quero arriscar rebentar com aquilo tudo.
Em opção, ao final do dia liguei o aquecimento a óleo, que vem sempre com dois gatos agarrados.

De tarde fui visitar os avós do Pedro para resolver umas questões relacionadas com o fecho de contas do ano passado. Parece que graças aos pagamentos especiais por conta o estado já nos deve mais de 5000 euros. Só que para reaver esse dinheiro provavelmente querem fazer uma auditoria, e apesar de ter tudo certinho e organizado, quem é que quer uma dor de cabeça dessas? Enfim, como tenho de ir pagar o IVA brevemente, vou ver se resolvo isso.

Quando voltei estive a trabalhar na paginação da genealogia, principalmente no enquadramento das fotos, que por sugestão do Pedro, passam a ter umas molduras muito refinadas, para condizer com o tom da coisa. Definitivamente é muito mais giro ter uma genealogia com fotos do que apenas nomes e registos, que acabam por não dizer grande coisa.
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