15 de Agosto, quinta |
Acordámos tarde. Estendi roupa, vi uns programas de jardinagem da BBC, fiz um bocadinho de ponto cruz e depois fui passar umas coisas a ferro - sim! É verdade! Passei a ferro!
Às cinco preparei-me para sair. Fui com o Pedro dar uma voltinha à praia. E tenho fotos a comprovar que fui realmente à praia este ano.
Estava uma ventania desgraçada, mas demos só uma voltinha de uma hora à beira da àgua.
Com a areia completamente coberta de pessoas é facil de ver a verdadeira relação entre humanos e parasitas.
Comecei logo a reparar nas minhas atitudes defensivas a vir à superfície. Como quando começo a pensar 'o primeiro que me acertar com uma bola leva um murro na tromba'. Graças à adorável mania do futebol de praia. Obnoxious é a palavra perfeita para este tipo de actividades. Tem qualquer coisa de tóxico, nocivo, para além de irritante.
E quando algures a meio da conversa falámos sobre as vantagens de ter dinheiro, pensei imediatamente em como compreendo os milionários reclusos.
Nada mais natural, quando se pode, do que rodearmo-nos de espaço vazio de pessoas. As relações humanas devem ser com quem queremos, quando queremos. Não deviamos ter que aturar as massas compactas e hostis com quem somos obrigados a partilhar o nosso 'território'. Mas como não posso comprar uma ilha, um castelo ou um prédio inteiro, vou tentar contentar-me com um apartamento maiorzinho, no qual possa andar de sala em sala sem ter que encontrar alguém.
Tenho que confessar que uma das coisas que sempre me fez evitar ter filhos é o facto de perder um pouco mais da minha privacidade. Especialmente quando penso em como os miúdos crescem tão depressa e na seca que é partilhar uma casa com um adolescente.
Fomos depois jantar com os pais, irmã e cunhado do Pedro. O empregado de mesa era dequeles muito sensíveis, a quem não se pode sugerir nada, como por exemplo juntar mais uma mesa para caberem 6 em vez de 4 pessoas. Não chegou a ser mal educado mas não foi exactamente a simpatia em pessoa.
Voltámos para casa e fui recolher a roupa seca. Reparei que os gatinhas lá de baixo estavam a rondar a àgua que pingava do nosso ar condicionado, pelo que deduzi que tinham sede. As pessoas da zona alimentam os bichos mas geralmente esquecem-se da água.
Fui lá abaixo levar uma caixinha com comida e outra com água. Quando voltei para cima arranjei maneira de descer um cesto improvisado, preso com uma corda, para poder continuar a dar-lhes água ou comida sem ser preciso andar a subir e descer os 3 andares. E, sendo nas traseiras, onde a partir das 5 da tarde não entra ninguém, posso deixar a caixa lá em baixo umas horas e recolher mais tarde.
Os gatinhos novos são uma maravilha. Mas, ao contrário da Scully que veio assim que o Pedro a chamou, pos-se de pé contra o portão para ser mais fácil de agarrar, estes não querem nada connosco. Fogem ao mínimo movimento.
O que só reforça a sensação que foi a Scully que nos escolheu a nós e não o contrário. |
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